PAPO RETO COM JULIANO BELLETTI

PAPO RETO COM JULIANO BELLETTI

No primeiro papo reto do Expresso Physio, tivemos a honra de conversar com Juliano Belletti, Ex-Atleta com passagem por grandes clubes do Brasil e gigantes da Europa. Atualmente ocupa a posição de técnico das divisões de base do São Paulo F.C, em Cotia.

EXPRESSO: Fala Belletti, que honra ter você no nosso primeiro Papo Reto do Expresso Physio. Bora para entrevista?

BELLETTI: É um prazer poder colaborar e vamos em frente!

EXPRESSO: Então, vamos à primeira pergunta. Durante sua carreira como atleta de futebol, qual diferença você sentiu entre a fisioterapia aqui no Brasil com os lugares por onde passou em outros países?

BELLETTI: Certo! É fato que o Brasil utiliza mais os aparelhos eletrônicos como o tens ultrassom na recuperação dos atletas, dificilmente isso é usado tanto na Espanha quanto na Inglaterra.

Na Inglaterra, quase 90% do trabalho é feito muito mais por manipulação através de massagens e trabalho em piscina. Na Espanha a gente pode achar o meio termo entre manipulação e aparelhos na recuperação dos atletas.

Ainda sobre Inglaterra e Espanha, na Inglaterra utiliza-se bastante o trabalho em piscina e na Espanha existe um trabalho feito fora da fisioterapia, fora do centro de treinamento… Eu lembro que nos períodos pós lesão a gente ia pro meio de um bosque de uma montanha caminhar, fazer trabalhos aleatórios fora do local de treino.

EXPRESSO: Que bacana Belletti! E no seu ponto de vista o que faz a fisioterapia ser importante para o esporte?

BELLETTI: Eu acho que o trabalho de fisioterapia, a importância dele no esporte, tem mais a ver com a prevenção do que com a recuperação.

O contexto é mais utilizar dos profissionais e dessa ciência para prevenir lesões, é o caso de acabar um treinamento e ir para fisioterapia, fazer algum tipo de trabalho regenerativo ou de fortalecimento.

O futebol me ensinou e hoje em dia valorizo muito essa parte da fisioterapia que pensa muito mais na prevenção do que na recuperação de lesão.

EXPRESSO: Show! E você teve ou presenciou algum momento onde a fisioterapia foi indispensável? Se sim, pode nos contar um pouco?

BELLETTI: É um núcleo que não se pode abrir mão, de jeito nenhum!

A fisioterapia hoje tem que fazer parte 100% de qualquer contexto esportivo, ainda mais no futebol.

A importância desse núcleo, dos profissionais, dessa ciência dentro do futebol profissional e no futebol formativo, acaba que se torna essencial para esses dois direcionamentos que eu destaco, tanto a prevenção de lesão quanto a recuperação da lesão.

E vai muito de o profissional também estar bem preparado, porque acaba que não é só um trabalho no nível profissional dele, do que ele aprendeu…

É um trabalho mental também com os atletas, na parte de prevenção é exigir e cobrar a disciplina e o profissionalismo, já no trabalho de recuperação não é fácil lutar contra um atleta que está animicamente triste pra baixo, enfrentando um problema que ele não está preparado.

Então, a dependência desse profissional de fisioterapia acaba sendo essencial nesse processo.

EXPRESSO: Sensacional… E a visão sobre a fisioterapia desde do início da carreira como jogador até os dias de hoje como treinador, mudou muito? O que evoluiu ou não evoluiu?

BELLETTI: Bom, quando eu comecei em 95, no futebol profissional quase que não havia fisioterapeutas nos clubes. Os massagistas eram que faziam todo o trabalho de recuperação de lesão.

Se pensava pouco também em prevenção, pelo menos por onde eu passei. Quando não, havia um ou dois profissionais da fisioterapia para atender o time inteiro.

Não se investia muito nisso e quando se investia, era muito mais utilizado na parte de recuperação de lesão. Com o andar dos anos, foi se dando mais importância para esse núcleo.

A sequência de jogos, o número de viagens e as diferentes lesões que aparecem acabou com que os clubes fossem praticamente obrigados a dar um upgrade nesse núcleo dentro de suas instituições.

Então, hoje em dia você vê muito mais profissionais da fisioterapia nos clubes, você vê equipamentos mais modernos para serem utilizados, mas também agora mais do que nunca, são usado para prevenção de lesões.

A fisiologia encaixa um pouco nesse sentido, mas o fisioterapeuta acaba também indo por um caminho mais amplo do que era antigamente, que era colocar a maquininha de tens no jogador e esperar uns 20 minutos, trocar ele de maca, botar outro aparelho… Agora não! Agora é ajudar no processo de fortalecimento da musculatura, alongamento, pré treino…

Aí os jogadores que, depois do treino não estão machucados mas precisam de um trabalho também regenerativo para ajudar na prevenção de lesões, o fazem.

A exigência para esse profissional está bem maior hoje em dia, assim como no caso dos jogadores que atuam no campo, fora do campo isso aumentou bastante significamente também.

EXPRESSO: Excelente Belletti. O papo está muito bom, mas chegamos na nossa última pergunta. Se pudesse dar um recado para os estudantes de fisioterapia e para os profissionais que estão tentando entrar no campo esportivo, qual seria?

BELLETTI: Maravilha… Um recado para esses profissionais, justamente não só na fisioterapia, mas para todos eles, dentro do futebol hoje é o seguinte:

A exigência está sendo maior do que simplesmente de se ter o diploma de formação em fisioterapia ou outra coisa. Tem que ampliar muito mais o conhecimento, tem que entender de comportamento, tem que entender de pessoas, tem que entender de gestão.

Você acaba lidando com no mínimo 20 atletas, quando, dependendo do número de fisioterapeutas no clube, você acaba sendo mais exigido.

A paciência, o acúmulo de informações, saber gerenciar essas informações também, ter um bom relacionamento com os outros profissionais do clube, como preparador físico, treinador, massagista, roupeiro…

Não se isolar no núcleo da fisioterapia porque hoje em dia, pela exigência que se tem nesse esporte, do atleta que tem que estar melhor fisicamente e tecnicamente, estar mais forte e potente, essa exigência também aumenta para os profissionais da fisioterapia, no que diz respeito à prevenção e recuperação do atleta.

Adquirir conhecimento, sempre!

Nunca achar que sabe o bastante… Aprender com os mais experientes…

Por mais que tenha mudado bastante a diretriz desse núcleo dentro do clube, não se pode abrir mão do conhecimento que os mais velhos têm, buscar esse tipo de conhecimento adaptando para o trabalho do dia a dia e gostar do que faz.

Porque existe a pressão, existe a responsabilidade por resultados, por metas, por objetivos, como qualquer outro trabalho e no futebol, como esporte que envolve paixão, tem muita raiva também, muito ódio.

Tem que saber lidar com tudo isso.

EXPRESSO: Belletti, tenho certeza que o conteúdo desta entrevista fará a diferença para muitos fisioterapeutas que estão começando na área esportiva ou que almejam atuar dentro do esporte. 

Obrigado pelo tempo dedicado a nós do Expresso Esportivo e ao nosso público de fisioterapeutas.

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